quarta-feira, 30 de abril de 2008

Efeito Doppler e uma História de Superação

Com o titulo – Uma História de Superação – o programa Fantástico, mostrou uma reportagem interessante de um rapaz cego que “enxergava” graças a uma habilidade desenvolvida, após o início de sua doença.
A doença em questão é o retinoblastoma; um raro tumor na retina, parte nervosa dos olhos responsável pela detecção de luz e cores. Ocorre em todas as idades, mas é mais comum na infância e mais raramente afetando os dois olhos; como aconteceu com Ben Underwood. O retinoblastoma afeta 1 em cada 15.000 a 20.000 nascidos vivos e 250 crianças são diagnósticas por ano nos EUA. Representa 3 por cento de todos os cânceres em menores de 15 anos. Está relacionado a uma mutação no gene RB1, localizado no cromossomo 13. Este gen impede o crescimento desordenado das células da retina. Alterações no cromossaoma 13 como deleções de uma parte que contem o gene, muitas delas na região 13q14, resultam na formação de tumores. Mutações do gene RB1 são herdadas de forma autossômica dominante. Se uma pessoa desenvolveu retinoblastoma em ambos os olhos, provavelmente um gen RB1 mutante estará presente em todas as suas células, inclusive óvulos e espermatozóides; podendo transmitir a doença a seus progenitores.
O outro lado da história de Ben demonstra como a natureza encontra às vezes um caminho surpreendente. Suponho que num determinado momento de sua infância de cego, Ben percebeu que quando fazia ruídos com a boca, algo acontecia com o som percebido por seus ouvidos, mais ainda; diferentes tonalidades emitidas podiam ser ouvidas de forma diferente e representavam um padrão. Instintivamente e inconscientemente o som trazia uma informação tridimensional do ambiente.
Johann Christian Andreas Doppler (29 de Novembro de 1803, Salzburgo – 17 de Março de 1853, Veneza), ajudou-nos a entender o que se passa com o rapaz que enxerga o som. Efeito Doppler descoberto pelo físico-matemático vienense, é uma característica das ondas emitidas ou refletidas por um objeto em movimento com relação ao observador. Ele pode ser compreendido pelo efeito sonoro emitido por um corpo em movimento. Ao se aproximar o som é mais agudo e ao se afastar,o som gradativamente vai se tornando mais grave. Alguns mamíferos como os golfinhos, utilizam o efeito para localizar inimigos e presas, no mar chamado de sonar.
Ben pode ter desenvolvido todo um complexo de emissão de ondas ultra-sônicas e percepção cronometrada do retorno do som, capaz de localizar objetos e até mesmo a percepção de formas. Certamente o caso Underwood merece estudos, embora referencias a estes não foram citadas na reportagem. A ecolocalização poderia ser uma alternativa para ajudar a locomoção de cegos e já há pesquisas no tema. É interessante notar que a semelhança dos golfinhos, Ben possui sua região frontal proeminente e pode estar aí a sua câmara de eco. Uma história de superação é uma verdadeira aula de ciência.
Para saber mais:
http://ghr.nlm.nih.gov/condition=retinoblastoma
http://www.biosonar.bris.ac.uk/
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM820807-7823-UMA+HISTORIA+DE+SUPERACAO,00.html
http://super.abril.com.br/revista/241/materia_revista_241276.shtml?pagina=2
http://www.biosonar.bris.ac.uk/whatis.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecolocaliza%C3%A7%C3%A3o
http://www.retinoblastoma.net/
http://www.inca.gov.br/releases/press_release_view.asp?ID=1128

2 comentários:

  1. Caro Luiz,

    Obrigado pelos seus comentários deixados no meu blog. É sempre uma satisfação ser lido por gente tão qualificada. Já assinei também o seu blog, que é muito interessante.

    [ ]s

    Alvaro Augusto
    alvaro@lunabay.com.br
    http://www.alvaroaugusto.com.br

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  2. oi Dr. como está?


    Sobre a sua afirmação de nosso amigo estar incomentável, acho que o Sr. tem razão.

    o que ocorre é que eles não têm respostas quando pressionados.

    Nosso amigo é um cara inteligente, sabe conscientemente que o criacionismo não passa de uma grande bobagem.

    Todavia não admite isso, talvez por ferir seus princípios cristãos.

    Uma vez fiz um questionamento a ele e extensivo aos demais cristãos. Simplesmente perguntei por que eram cristãos e o que esperavam disso.

    Não houve respostas.

    Ainda lancei outra questão:

    " Se um sujeito como eu que não acredita em nada dessas coisas, caso leve uma vida pautada em ética e amor ao próximo (princípios cristãos), marcaria mais pontos para ir ao paraiso, caso comparado a um cristão que faz isso porque tem de fazer, por ser um mandamento de sua crença, que, se desrespeitado, o condenaria a danação eterna."

    Também não obtive respostas.

    É estranho, mas acho que eles não têm a mínima noção do que ou por que fazem ou sobre o que pensam. Parecem agir por instinto.

    Em estudos a respeito de filosofia, essa coisa toda de cristãos quererem contestar as ciências, tomando a bíblia como a verdade plena, parece ter surgido com gregos e romanos, uma vez que, para estes povos, diferentemente dos semitas, tudo teria de ter um senso lógico.

    Os antigos cristãos pregaram sua crença como sendo a verdade absoluta. Assim, tal verdade precisava ser justificada.

    Daí surgirem as pérolas de Tomás, Agostinho, Anselmo entre outros.

    Mas isso serão temas futuros para o blog, pois demandarão um pouco de tempo para serem confeccionados.

    São eles:

    história do cristianismo

    provas que não provam nada II - Tomás de Aquino

    Racionalização do irracional - o pecado cristão

    Religião egipcia

    religião mesopotâmica

    Esses temas estão no prelo. Vão ficar para as férias de julho.

    Por enquanto, estou abordando temas mais fáceis.


    É sempre é bom lê-lo em meu blog. Um abraço e até a próxima

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