terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Fim de Ano e Calendário Biológico

"Claro que o tempo é algo real, a saber, a forma real da intuição interna" - Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura


Estamos numa época do ano; quando quase todos são tomados por reflexões sobre o tempo e com elas a sensação subjetiva de que terminamos um período e começamos outro; de alguma forma parece afetar igualmente corpo. Queixas de fadiga e necessidade de tirar férias; descansar por mais tempo; bem como uma noção de cuidar mais do corpo.

Serão essas queixas uma resposta aos marcos do tempo? Há substratos significativos na natureza, capazes de alterar a regulagem interna para ciclos num “calendário biológico”?

Recordamos que em sua trajetória no espaço ao redor do sol, nosso planeta cumpre uma trajetória elíptica - não tão acentuada como os planetas mais externos como júpiter, saturno e urano - o suficiente para termos dois momentos distintos; chamados de afélio e periélio, segundo as leis de Kepler.

O afélio terrestre ocorre em 4 de julho, quando estamos a 152,1 milhões de quilômetros do sol. Já no próximo dia 5 de janeiro estaremos mais próximo do sol – o periélio – a 147,1 milhões de quilômetros. Um diferença de aproximadamente de cinco milhões de quilômetros. Certamente uma diferença pequena em termos astronômicos para causar influencia na homeostasia dos seres vivos por maiores efeitos da gravidade1. Essa “simetria” orbital certamente contribuiu para presença de vida no planeta diante da estabilidade proporcionada por uma distância quase constante ao redor do sol. Condições extremas, como ocorrem com os planetas externos; não permitiriam a vida da forma como conhecemos.

Uma outra condição que poderia afetar nosso ritmo biológico e a diferença no dia solar de 24 horas. Ocorre variação na duração do dia ao longo do ano. Quando estamos no afélio, a velocidade angular do sol em sua trajetória na eclíptica (circunferência imaginária da trajetória do sol na esfera celeste) é maior, resultando numa variação que pode chegar até 15 minutos. Dias com variações poderiam não ser convenientes para marcar o tempo e por isso os astrônomos adotam o chamado sol médio2, com duração de 24 horas.

Os dias seriam mais curtos nessa época do ano, mas será que o suficiente o bastante para alterar nossos sentidos?

É conhecida a nossa capacidade de regular nosso relógio interno diante de variações como mudanças de fuso horário, por alterações no ritmo de sono/vigília, regulado por sinais externos de claro/escuro; conhecido como ciclo circadiano. O desconforto inicial se dá até o momento em que os hormônios produzidos nos ciclos normais; como o hormônio do crescimento; melatonina e cortisol cumprem seu papel de regular nosso “relógio interno” 3 . Trabalhos realizados em seres humanos em isolamento em cavernas encontraram ciclos de 24,2 a 25 horas. A Cronobiologia é responsável por estudos nessa área.

Certamente encontramos nessa época do ano várias alterações nos marcos do tempo que poderiam afetar nossos afetar nossos calendários e relógios biológicos, mas nossas respostas internas são suficientes para manter-nos em equilíbrio homeostático e é pouco provável que as sensações que percebemos não sejam mais que intuitivas.

Desejo um ano novo de projetos; propósitos e realizações para todos os visitantes do blogue.

Para saber mais:

1 A imponderabilidade e o corpo humano
2 Tempo e Calendário
3 ONTOGÊNESE DO SISTEMA DE TEMPORIZAÇÃO

Um comentário:

  1. Muito boa, a postagem.
    Assim os visitantes do blog começam a ter noção de grandezas e evoluem.Parabens.

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