domingo, 4 de novembro de 2007

A mais nobre tradição científica

"A verdade é filha do tempo, não da autoridade."
Francis Bacon.

A comunidade científica está constantemente revisando trabalhos publicados. Artigos antigos podem gerar novas idéias e pesquisas. Outras vezes, observam-se equívocos e conclusões ultrapassadas.
Um exemplo recente do Professor de química do Brocklyn College, EUA, Dr. Homer Jacobson, fez uma revisão de seu artigo publicado em 1955 na revista American Scientist, com o título - Information, Reproduction and the Origin of Life – Informação, reprodução e origem da vida.
O artigo questionava a probabilidade de que moléculas se organizassem a ponto de gerar vida, nas condições da terra no período Hadeano (primeiro da escala geológica), era muito improvável.
As conclusões geradas pelo artigo registraram uma febre de citações no Google, não em revistas científicas como gostaria o Dr. Jacobson, mas em sites e blogues “Criacionistas”, utilizado como argumento contra a teoria da Evolução de Darwin.
Repercussões teológicas a parte, o Dr. Jacobson fez uma carta à revista Scientist American, retratando suas conclusões.
A discordância entre os cientistas em assuntos polêmicos que geravam repercussões teológicas já se repetiu outras vezes. Nos trabalhos que surgiram após a publicação da Teoria da Relatividade Geral de Einstein, isso aconteceu.
Einstein acreditava num universo constante e imutável, que sempre existiu. Entretanto, interpretações matemáticas da própria teoria da Relatividade Geral apontavam o contrário.
Um padre católico Georges Lemeitre estudando as teorias de Einstein, sugeriu um universo em expansão ao mesmo tempo em que surgiria de uma grande explosão, de um átomo primordial.
Em 1952, o Astrônomo Edwin Hubble provou que o universo estava em expansão e derrubou a idéia de constância do Einstein. O papa PIO XII interpretou como prova da existência de um Criador - com total oposição de Lemeitre - que afirmava que suas idéias eram meramente derivações matemáticas das equações de Fridmamm a partir das equações de Einstein e nada tem haver com o Livro dos Gêneses.
O que é certo que para o bem da ciência todo conhecimento científico é mutável e passível de contestação diferentemente do dogmatismo teológico.

Um comentário:

  1. Olá Doutor


    A pergunta que me faz é uma característica típica de quando encostamos os religiosos na parede.

    Temos conhecimento suficiente para sabermos que o quê por eles é apresentado se trata de uma ficção, de falácias e sofismas.

    É confortável crer em deuses, esquecer que, para se responderem questões sobre ciências, temos de estudar e quando a questão se envereda pelo lado filosófico o conhecimento deles é restrito à bíblia, o que torna a argumentação circular.

    Infelizmente, o poder das crenças é grande e a maioria das pessoas não tem conhecimento o suficiente para analisar as questões com senso crítico e desafiar tal poder.

    SAabemos que a coisa está bem além da bíblia ou de qualquer texto sagrado e que a verdade é relativa e intrínseca a cada cultura.

    Porém, lamento que essa postura de donos da verdade prevaleça nas crenças, principalmente as monoteístas.

    Um dia, talvez, as pessoas entendal que isso é bom para o espírito e para nos confortar, não para tentar usar isso como instrumento auxiliar para a ciência.

    Um abraço e bom ano para o senhor

    PS. seu blog é muito bom e o adicionei ao meu.

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